A história da GS é conhecida mas é sempre bom repeti-la. No final da década de 70 (1979), quando começou o rally Paris-Dakar, as BMWs dominavam a competição com motos adaptadas dos boxers que andavam nas ruas. As motos de trilha da época não davam conta das enormes dificuldades do rally. Muitas equipes, a partir de uma BMW boxer, prepararam as motos para o rally: os carburadores Bing ou Dellorto continuavam, com entradas mais livres de ar e escapes mais abertos. Os quadros foram reforçados, as balanças foram alongadas e amortecedores de curso maior instalados. Os melhores garfos e freios da época, vindos das KTM de MotoCross, foram adaptados. E enormes tanques de gasolina de alumínio, às vezes com mais de 40 litros de gasolina. Os cardãs foram mantidos, eram pesados mas confiáveis e de fácil manutenção. E todas essas adaptações contribuíram para que as motos ganhassem a competição. Gaston Rahier e outros pilotavam essas máquinas e conquistavam uma vitória após a outra. Não eram necessariamente as mais rápidas, mas certamente as mais confiáveis.
E foi isso que levou a BMW a criar toda uma nova categoria de motos. Em homenagem às BMW que ganhavam o rally Paris-Dakar, em 1980 a BMW introduziu a R80G/S (Gelände/Straße que significa para uso onroad e offroad). Alternativa ousada e diferente de tudo o que havia no mercado até então, a nova G/S causou furor em sua introdução e muitos acreditaram que a BMW tinha perdido a mão. Mas muitos outros souberam que fora uma jogada magistral.
O grafismo lembrava o usado no rally Paris Dakar, motor de 800cc carburado, suspensão de curso longo e braço oscilante de um só lado, chamado “monolever”, mais uma inovação da BMW: o cardã e a transmissão final ficavam no lado direito e no lado esquerdo somente três parafusos para retirar a roda. Não tinha tanque especialmente grande.
E assim nascia não só uma lenda mas toda uma nova categoria de motocicleta que se tornou uma das mais populares. Comportavam-se muito bem nas estradas asfaltadas e eram pequenas capetas quando o asfalto acabava.
Eram motos ágeis e com motores que não eram especialmente potentes e logo ganharam uma legião de fãs. Ao longo dos anos a moto foi se desenvolvendo e perdendo muito do DNA de offroad. As GS atuais, assim como suas concorrentes, com peso acima de 200kg e uma enorme quantidade de eletrônica embarcada, são excelentes motocicletas para se andar em qualquer tipo de estrada e também em aventuras offroad, mas nada muito radical.
Adaptado de http://www.cifumotorsports.com/ por Fernando Costa