Há 85 anos, a BMW Motorrad apresentou a BMW R 5 ao público internacional – um novo e empolgante desenvolvimento tecnológico que influenciou a construção de motocicletas até a década de 1950. Inspirada na máquina de corrida de 500 cm³ de 1935, a R 5 foi lançada em 1936 para ser uma das motocicletas mais inovadoras da década. De tão ousada, a moto tinha design que parecia um modelo custom dos anos 50.
Rudolf Schleicher foi o engenheiro responsável pelo projeto, o mesmo homem que desenhou a R 32, a primeira moto da BMW. Sua genialidade estava em soluções inéditas para época, exemplo do garfo dianteiro telescópico, uma tecnologia inédita que foi lançada em 1935 nas BMW R 12 e R 17. Toda essa experiência foi aplicada à perfeição no projeto da R 5.
O farol de formato redondo ficava em posição elevada e se integrava perfeitamente aos garfos dianteiros cobertos pelas belas capas aerodinâmicas, um detalhe de estilo que perduraria décadas. Em forma de gota, o tanque de combustível era anatômico e possuía duas almofadas para as pernas. Juntos, o quadro e o tanque traçam uma linha contínua da direção ao cubo da roda traseira, dando à vista lateral um toque de elegância.
Em relação à cor, o estilo clássico da BMW estava representado no tom preto com listras brancas. Até o motor de dois cilindros opostos era belíssimo, da mesma maneira que as saídas de escape com ponteiras estreitas. A delicadeza estava em detalhes como o para-lama traseiro feito à mão. O essencial nunca foi tão bem estilizado.
De tão memorável na história da marca, ela foi reeditada em uma versão moderna, um modelo que acentuou o ar retrô típico de uma moto custom. Para marcar o aniversário de 80 anos da moto, a BMW Motorrad a homenageou no Concorso d’Eleganza Villa d’Este 2016 com um modelo especial: o BMW R 5 Hommage. A homenagem foi construída com a ajuda dos customizadores Ronny e Benny Noren, que contam com mais de 30 anos de experiência no projeto de motos personalizadas.
Foram eles que atualizaram o estilo da R 5 original em pontos como o quadro e tanque mais fluidos, o farol inclinado e a ausência do para-lama dianteiro. A R5 Hommage acentuou ainda mais o caráter estradeiro retrô da ancestral. O fato é que a essência foi mantida, uma prova de que a atemporalidade existe.
A mecânica da R 5 Hommage é basicamente a mesma da original, muda apenas o uso de um compressor volumétrico. Nos anos 30, isso nem era necessário. O motor boxer de dois cilindros da R 5 era inteiramente novo e gerava 24 cv a 5.500 rpm.
O acionamento das válvulas era feito por dois eixos de comando movidos por corrente. Uma novidade era o câmbio de quatro marchas, o primeiro acionado por pé da história da BMW, algo que permitia ao condutor ficar sempre com as mãos no guidão.
Seguindo a tradição da marca, a transmissão era por eixo cardã. O resultado de toda essa tecnologia era uma velocidade máxima de 135 km/h, o que a tornou quase tão rápida quanto a R 17 de 750 cm³ e 33 cv. Por isso mesmo, a R 5 era muito usada em corridas.
Uma união perfeita de uma moto estradeira como uma custom tradicional com uma esportiva. A vocação para longas distâncias ficava clara pelas opções de selim para a garupa e um invejável sidecar.
Claro que a estrutura era mais do que capaz de lidar com o nível de desempenho. O chassi de berço duplo tinha tubos ovais eletricamente soldados, o que dava um nível elevado de rigidez. Para absorver os buracos das péssimas vias daquela época, a suspensão dianteira usava amortecedores hidráulicos, enquanto o banco tinha molas confortáveis para compensar a falta de suspensão traseira, algo que foi instalado já em 1937.
A produção acabou logo depois, mas a R 5 sempre será um ícone não apenas da BMW Motorrad, como também do mundo motociclístico.