RESTAURAÇÃO OU CONSERVAÇÃO?
No mundo do colecionismo essa é uma dúvida cruel. Atormenta colecionadores em várias áreas: carros antigos, máquinas de escrever, máquinas de costura, brinquedos antigos, modelos de avião, e por aí vai.
E não poderia ser diferente com as motocicletas antigas, e com as BMW Clássicas.
Ao conseguirmos uma BMW Clássica logo uma dúvida se instala: alterar o mínimo possível o *achado* ou tentar restaurá-la para que se torne igual a quando saiu da fábrica?
Como em muitas outras áreas do colecionismo, não há uma resposta considerada como *certa*. Depende muito das preferências de cada um, do estado da motocicleta, e de como cada colecionador pretende ou não preservar uma parte da história. E, obviamente, depende dos recursos, também financeiros, disponíveis.
Algumas alternativas são consideradas:
. Mínima Intervenção.
Nessa alternativa o colecionador nada faz com a moto encontrada. Pode lavá-la e consertar alguma pequena coisa mas a moto permanecerá como foi encontrada. Se não está funcionando, continuará não funcionando.
Várias razões podem levar a essa postura, como falta de recursos ou, em muitos casos, o desejo de manter o *achado* tal como foi encontrado, alegando que a moto traz consigo toda uma história de vida, como uma mulher com suas rugas.
. Botar para funcionar.
Essa corrente de colecionadores deseja que a moto funcione o mais rápido possível e para tanto não hesitam em tomar atalhos. Podem substituir peças originais quebradas por peças *parecidas*, são adeptos das gambiarras, etc.
Ao longo do tempo vão se animando e ficando criativos e acabam criando algo que, definitivamente, não é uma BMW Clássica.
Apesar de terem o prazer de andar em suas motos, corre-se o risco de perder muito da originalidade.
. Conservar.
Os colecionadores conservacionistas não alteram nada que seja original na moto, mesmo que não esteja nas melhores condições. Veja o estado em que essa R69S foi encontrada, bastante original (fora o banco, obviamente).
Se há pintura original, mesmo que danificada, ela é mantida. Se há resquícios de filete na pintura, eles são mantidos e jamais substituídos por filetes novos. Alguns colecionadores permitem alguns retoques, outros não. Os cromados originais são limpos, nada mais, e os pontos de ferrugem permanecem. Peças que estejam faltando, ou que não sejam originais, são substituídas por peças originais usadas ou, em último caso, por reproduções de fabricantes confiáveis. Tudo é anotado e documentado. A mecânica é reparada mantendo a moto, dentro do possível, a mais próxima ao original. Normalmente motos que ainda mantenham um alto grau de originalidade são as melhores candidatas a serem *conservadas*.
Abaixo uma R69S depois de conservada, ainda faltando alguns detalhes.
. Restaurar.
Essa opção é a mais intervencionista possível.
A pintura é refeita, peças são cromadas, capas de banco trocadas, enfim tudo que seja necessário para que a moto pareça saída de fábrica.
A R32 totalmente restaurada:
Mas não se assuste. A R32 restaurada não é a mesma da primeira foto, um raríssimo exemplar de uma R32 em ótimas condições originais.
***********************************
Tenho lido em alguns sites internacionais que há uma corrente cada vez maior nos EUA favorável ao conservacionismo.
O assunto é complexo e, obviamente, engloba muitos outros aspectos que sequer foram mencionados aqui. Mas é fascinante para quem se interessa pelas BMW Clássicas.
No final das contas, a BMW Clássica que você encontrou é sua, portanto faça o que você ache o mais correto e o que vai te dar maior prazer. Mas considere que, ao alterar algo que é original, é um caminho sem volta.
Fernando Costa